As marquises dos prédios ficaram para trás por algumas horas para um morador de Blumenau, no Vale do Itajaí, durante a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (3). Em situação de rua há quatro anos, Arno Enrico Muniz da Silva, de 46 anos, não deixou de lado a vontade de cursar Direito e estuda para a segunda fase da prova, que ocorre no próximo domingo (10).
“Tem que ter objetivo, se tiver s um objetivo e correr atrás dele, o universo conspira a teu favor”, afirma Arno.
Morador em situação de rua faz o Enem 2019 em Blumenau
Arno perdeu o emprego de auxiliar de expedição, ficou sem dinheiro até para pagar aluguel e precisou ir para as ruas. Escolheu a marquise de um prédio no Centro de Blumenau para passar as noites e sempre carrega com ele os livros que ganhou. “É assustador, não sabes o que vai aparecer aqui à noite. Se deixo minhas coisas aqui, quando chego não tem mais nada. Tênis mesmo, esse ano, perdi uns cinco pares”, explica.
Apesar das dificuldades, não desistiu de ir em busca dos seus sonhos e foi nos livros que viu a oportunidade de tentar mudar. É utilizando os livros doados que ele se dedica para o Enem.
Arno terminou os estudos no ano passado, cursou o ensino para jovens e adultos e agora tenta passar pelas provas do Enem para ter um curso superior.
“Corri atrás: fiz primeiro o ensino fundamental. Consegui nota boa e eles disseram: ‘você pode ir além, faz o Médio também’. Aí eu botei fé, estudei bastante e agora o próximo passo só poderia ser o Enem, conseguir uma nota boa para tentar pelo menos um desconto na universidade. Pretendo fazer Direito”, detalha Arno.
Busca por emprego
A história do Arno despertou o interesse de outras pessoas. A pedagoga Naime Maba, por exemplo, conheceu o homem em situação de rua por uma publicação que foi feita nas redes sociais e agora tem se empenhado em conseguir um emprego para o novo amigo.
“Às vezes parece que estamos perdidos, que não temos para onde recorrer, dá um sentimento de desespero, mas o Arno é a prova viva que mesmo estando em um local onde ele fica muito vulnerável, conseguiu estudar”, diz Naime. Quem puder ajudar o Arno, pode procurar a Naime pelo telefone: (47) 99124-5636.
Fonte: G1SC