Os técnicos do Seripa II (Segundo Serviço Regional de Investigação e prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já trabalham na área de mangue onde caiu o avião que levava o cantor Gabriel Diniz e mais duas pessoas, nessa segunda-feira (27).
A preocupação inicial do investigadores é coletar dados que, no jargão aeronáutico, “conversem com os investigadores”. Assim, montar o complexo quebra-cabeças que explique as circunstâncias da queda do monomotor Piper PA28 Archer.
O modelo é muito utilizado por aeroclubes devido à estrutura rígida com baixo valor de manutenção e por operar em pistas das mais diversas condições.
Os trabalhos dos investigadores incluem fotografia e filmagem do local da queda, além de depoimentos de possíveis testemunhas. Lubrificante e combustível do avião também serão recolhidos.
O motor será levado para os laboratórios do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), no Recife, para que os técnicos avaliem se no momento da queda ele estava em aceleração ou em pane.
Busca pelas causas do acidente
Fatores humanos, como a carga horária do piloto, licença de voo ou uso de medicamentos por parte dos tripulantes também são importantes na busca pelas causas do acidente. Essa parte da investigação é feita por médicos, legistas e psicólogos credenciados à Aeronáutica.O Seripa tem total autonomia para conduzir o trabalho, mas se necessário, profissionais do Cenipa, poderão contribuir com a pesquisa.
O laboratório do órgão, em Brasília, é o mais moderno da América Latina e um dos poucos que têm um forno especial usado para processar dados e instrumentos de voo. A capacidade de manipular até urânio fez a comunidade internacional questionar a intenção da FAB em adquirir o aparelho.
Prazos e documentação da aeronave
A investigação aeronáutica depende da complexidade do acidente e, por isso, não tem data prevista para ser concluída. O trabalho visa apenas a descoberta dos fatores do acidente para prevenir novas ocorrências. Paralelamente, uma investigação da Polícia Federal poderá apontar os responsáveis pela queda do aparelho.
O Registro Aeronáutico Brasileiro, documento oficial do avião, mostra que o monomotor estava com os certificados em dia. Mas destaca também que o Piper PA28 tinha registro apenas para instrução de voo e não para transportar passageiros.
O modelo tem condições de realizar as duas funções, mas para a função de transporte precisaria atender as especificações de operação de uma empresa de táxi aéreo.
Os fortes indícios de uso da aeronave para esse fim levaram a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) a suspender temporariamente as operações do Aeroclube de Alagoas, proprietário do Piper PA28, além de outros nove aviões da empresa.
Um avião com a certificação específica em que estava Gabriel Diniz só poderia voar com o instrutor e o aluno. Em caso de uma outra pessoa a bordo, o instrutor deveria ter autorização especial para o voo e não poderia dar instrução no momento nem cobrar valores pelo transporte do passageiro. Os investigadores levantam se uma dessas condições teria ocorrido.
A Anac ameaçou ainda a cassar as licenças e certificados do aeroclube, caso as suspeitas de irregularidades se confirmem. A prática de dono de aviões transportarem passageiros sem autorização é comum e a agência não consegue fiscalizar todo o país.
fonte: ND+