Gestantes e o estudo da UFS que identificou cidades e estados mais propensos a contaminação do vírus – Foto: Unai Huizi/Freepik/Reprodução/ND
Pesquisadores da UFS (Universidade Federal de Sergipe) lideraram um estudo que mapeou municípios brasileiros onde há maior risco de gestantes e puérperas serem infectadas com a Covid-19. O estudo foi publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas.
Entre os 50 municípios identificados com alto risco para gestantes o Sul do país aparece com 20%: Santa Catarina (1), Paraná (3) e Rio Grande do Sul (6).
Os demais municípios constam na Paraíba (13), Ceará (7), Amazonas (7), São Paulo (7), Minas Gerais (4) e Mato Grosso (2).
De acordo com o estudo, os diagnósticos e mortes maternas por Covid-19 ocorreram de forma heterogênea nas regiões brasileiras e se concentraram em municípios do interior do país, explicitando a relação do avanço da contaminação com as condições de vida da população.
“Observamos que aqueles municípios com menos recursos de infraestrutura em saúde e maiores desigualdades socioeconômicas tiveram as maiores taxas de incidência e de mortalidade materna pela Covid-19. São aqueles municípios com deficiências na sua estrutura e cobertura de saúde,” destacou o epidemiologista e professor do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da UFS, Victor Santana Santos, que liderou o trabalho.
O mapeamento dos casos e óbitos provocados pela doença na população obstétrica no Brasil considerou um período de 16 meses, de março de 2020 a junho de 2021.
Foram usados dados do SIVEP (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde). No período, o país registrou 13.858 casos e 1.396 mortes por Covid-19 de mulheres grávidas e em pós-parto.
Risco elevado para mortes
O estudo também mapeou 15 cidades brasileiras em que há risco elevado de morte materna por Covid-19. Quatro destes municípios estão localizados em Minas Gerais. Os outros pertencem aos Estados de São Paulo (3), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Amazonas (1), Roraima (1), Pernambuco (1), Bahia (1) e Rio Grande do Sul (1).
“A identificação dessas áreas geográficas poderia ser utilizada para direcionar ações efetivas de testagem de massa, isolamento de casos para mitigar a propagação da doença, bem como a destinação de recursos em saúde necessários para prevenir mortes maternas. Os dados também reforçam que elas constituem um grupo prioritário para receber vacinas contra Covid-19,” acrescentou Santos.