Aluna da UFSC sofre ataque racista em banheiro da universidade, em Florianópolis

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Crime ocorreu no CED (Centro de Educação) da UFSC – Foto: UFSC/Divulgação/ND

Uma aluna da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) sofreu um ataque racista na Universidade. No banheiro feminino do Bloco A do CED (Centro de Educação), em Florianópolis, o criminoso escreveu com caneta o nome da vítima acompanhado de ofensas racistas e da frase “volta ao quilombo”.

O crime foi identificado no início da tarde desta quarta-feira (28). Logo depois as aulas foram interrompidas em todo o CED, seguidas de uma assembleia de emergência que reuniu estudantes e entidades da universidade.

Ainda no dia em que as ofensas foram descobertas, a vítima registrou um boletim de ocorrência na Secretaria de Segurança Institucional da UFSC. Uma técnica pedagoga do curso a acompanhou durante a oficialização da denúncia, segundo a coordenadoria de Pedagogia.

“Ela está recebendo acolhimento, tendo acompanhamento psicológico por especialistas”, destacou Marilise Luiza Martins dos Reis Saião, professora e diretora de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC. A Universidade também emitiu notas de repúdio contra o crime.

Saião destaca que um processo de investigação foi instaurado. Até o fim da tarde desta quinta-feira (29), o criminoso não tinha sido identificado. “O registro foi protocolado e estamos acompanhando atentamente esses encaminhamentos. O racismo é crime”, ressaltou a coordenação do curso.

Aumento de registros motiva criação de grupo de trabalho

Para Saião, há uma aparente “recorrência maior” nos casos registrados de racismo na universidade. “Talvez seja pelo contexto político atual, que permite que os crimes apareçam com mais ousadia, ou se as pessoas denunciam mais. É difícil mensurar”, afirma.

Mensagens racistas em emails trocados por professores e a invasão de uma assembleia virtual realizada por uma organização antirracista, na qual os criminosos utilizaram áudios ofensivos, estão entre os casos recentes registrados na instituição.

Após o caso desta quarta, alunos e movimentos antirracistas da UFSC discutem medidas para combater o crime dentro da Universidade. O MNU (Movimento Negro Unificado) reuniu manifestante nesta quinta-feira (29) e organiza uma manifestação para a próxima quarta (5).

“Os racistas têm se sentido mais à vontade para se manifestar. Queremos mostrar que eles serão responsabilizados. Parece que estão incomodados com a nossa entrada na universidade”, afirmou uma manifestante do Coletivo Negro Magali, outro coletivo antirracista. Ela preferiu não se identificar.

Segundo a UFSC, a instituição organiza a criação de um GT (grupo de trabalho) que definirá uma política de enfrentamento ao racismo na universidade. Apesar da UFSC contar com estruturas para o combate do crime, elas estão sendo insuficientes, avalia Saião.

“Desde o ano passado estamos formando o GP Racismo, que terá professores, estudantes e a sociedade organizada”, destaca Saião. Até o fim de 2022 deve ser finalizada a minuta de criação. “Não queremos que este seja apenas mais um caso”, conclui.

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